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As tardes de domingo eram animadas por inúmeras brincadeiras promovidas pelo comerciante: pau-de-sebo, quebra-pote, corrida com sacos de estopa e outras milongas mais, hoje copiadas pelo Faustão, em suas Olimpíadas, e pelo Gugu, no outro canal. Enquanto a multidão se divertia, ele vendia não só a sua garapa, que na verdade era limonada, como doces, manga-umbu, amendoim torrado, cuia, peão de imburana, pimenta malagueta, sabonete Vale Quanto Pesa, pasta Collipe, faca sete-tostões e até mesmo bainha para foice. Naturalmente, não faltava Jurubeba Leão do Norte, Pitu, Chora na Rampa e as suas famosas raízes.
Antes de se estabelecer comercialmente, ele trabalhou como sacristão. E foi com essa atividade que conseguiu juntar alguns trocados, com os quais montou a sua primeira bodega.
Partindo do princípio que o seu trabalho não era remunerado, vem a pergunta: como conseguiu juntar “alguns”, já que, honesto como era, seria incapaz de subtrair qualquer importância que arrecadava dos fiéis durante a missa?
O que se sabe é que, em virtude de uma terrível seca que assolava Piritiba e região, os fiéis resolveram convidar o padre para fazer uma grande procissão, em que todos rezariam com muita fé e devoção, pedindo ao Criador que mandasse um pouco de chuva. A data foi marcada e o sacristão se encarregou de, pessoalmente, avisar a todos os fiéis. Foi um árduo trabalho, considerando que ninguém deixou de ser convidado.
O dia da festa chegou e uma imensa multidão compareceu em frente à igreja, para receber as instruções do padre Nicanor, que estranhou que todos os fiéis traziam enrolados no pescoço um pavio daqueles usados nas velhas lamparinas (fifós).
Antes que o padre perguntasse o porquê daquilo, Zé Garapa se apressou em colocar um pavio no pescoço do vigário, dizendo-lhe que aquilo era uma promessa e que todos esperavam que no final da festa os pavios estivessem encharcados de água da chuva que São Pedro mandaria.
Não sei se choveu naquele dia. O que sabemos agora é que, com a venda dos pavios para os fiéis, ele conseguiu o capital para abrir o seu primeiro comércio e que, em poucos anos, se tornou um grande empresário e proprietário da maior bodega da cidade.
Por: Adaelson Alves Silva
Observação: O colunista Adaelson Alves Silva é piritibano e atualmente ele reside no Estado do Paraná, onde é médico nefrologista. Ele está produzindo uma série de crônicas para o Blog do Adenilton Pereira que serão publicadas sempre às terças-feiras. A colona produzida por Dr. Adaelson tem o nome de “Um Dedo de Prosa”.
Fonte: Blog do Adenilton Pereira
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